O Império Qin
Estamos na China, século XIII antes de Cristo. Ao longo do Vale do Rio Amarelo (ou Hoão-Ho) tinham-se vindo a desenvolver, já desde o Neolítico, civilizações tecnologicamente avançadas. Após sucessivas dinastias, acossadas constantemente pelas tribos bárbaras vindas das estepes, surgem os Zhou. Mais uma vez este reino fragmentou-se, dando assim origem a variados principados (chamados de hegemónicos): o Qin, o Chu, o Qi, o Yan e o Jin (que mais tarde se fragmenta uma outra vez, dando origem ao Han, Wei e Zhao).
O Estado de Qin
Segundo os antigos registos, o principado de Qin, não tem um papel de relevo até Mugong (reinou entre 629 e 621 a.C.), que fez deste principado o principal poder da parte Oeste da China. Com poder, Qin tentou obter territórios na área central da China, ao longo do Hoão-Ho, mas por várias vezes foi bloqueado por Jin, cujos territórios o impediam de aceder a essa área. No entanto, Qin continuou a conquistar e incorporar na sua sociedade os estados e tribos de origem não-chinesa, ao longo do desvio em semi-círculo para Norte que o Hoão-Ho descrevia. Assim, os grandes e poderosos estados Chu e Jin foram obrigados a dar o estatuto de governante a Qin, (governante da sua própria zona). As províncias de Este continuavam a olhar para Qin como um estado bárbaro, que dominava numa zona distante.
Luta pelo poder
No século V antes da nossa era, dominavam dois grandes poderes na China: Qi, um estado próspero com um novo governante e Wei (um dos sucessores de Jin). Qin ficou com um papel secundário na trama, até às grandes reformas de Xiaogong e Shang Yang, que o iriam transformar na mais poderosa das potências. Este último era um burocrata da corte de Wei que, frustrado, havia ido para Oeste em busca de uma hipótese de expandir as suas ideias. Em Qin havia encontrado Xiaogong (o governante deste principado) e com ele a sua oportunidade: criou o estado mais bem organizado do seu tempo.
Após várias reformas que contribuíram para o aumento do poderio económico e militar de Qin, Shang Yang tomou outra medida, que provavelmente influenciou drasticamente a situação que viria a surgir nos anos seguintes. Ele encorajou a produção, especialmente no sector da agricultura. Os agricultores foram incentivados a trabalharem a terra e várias reservas foram abertas para que eles pudessem cultivá-las. Mas nesta reforma foram também recrutados trabalhadores dos estados vizinhos (Han, Zhao e Wei), o que aumentou a produção em Qin e esses estados perderam muitas mãos, que tanto poderiam pegar em martelos, arados e foices, como em espadas e lanças.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJpLRAno1VpkiCqLWi7Ur3S9FzT1m12Z1cFnDoCY6slNJ4mg4ZIJSsTEWmzMxjqF7G5QWFBDiUty59so2f46t1b8w2FVaL3_5dgAvyOyBg7GOuCg3-vQMzDa1_XJZY4HUh9fwKzWNfm74j/s400/China_2c.jpg)
Qin foi crescendo até que, em 352 antes da nossa era, exigiu o título de reino. Isto foi um desafio para Qi e para Wei. Aqui notamos uma grande diferença, que vai existir durante todo este período: estes estados eram ducados do rei da dinastia Zhou; agora, nesta nova época, eram reinos, sendo iguais ao reino de Zhou. Utilizando uma estratégia astuta, na qual dividia os seus inimigos, para que estes não pudessem unir-se e tornarem-se demasiado fortes, Qin dominou e unificou a China. Utilizando espionagem, mentiras, assassinatos, sabotagem e outros métodos de natureza idêntica, este reino submeteu sobre o seu poder os estados que, sucessivamente, lhe fizeram frente. Quando a China estava finalmente unida, o seu primeiro rei construiu uma vasta rede de estradas, que facilitava a comunicação entre os vários pontos do império. Centenas de milhares de trabalhadores reforçaram e uniram as muralhas já existentes ao longo da fronteira Norte/Noroeste. Este rei chamava-se Shihuangdi e tinha medo da morte. Ele fez tudo o que conseguiu para ser imortal. Ao escavarem o seu túmulo, em Xi’an, foram revelados mais de 6000 estátuas de soldados de terracota em tamanho real: chamaram ao seu túmulo Exército de Terracota. Com a morte de Shihuangdi toda a dinastia caiu, perante a pressão dos bárbaros e revoltas campestres, surgidas no próprio seio da China.
Este período, chamado Período dos Estados Combatentes, mostra a importância do ferro na China, que substituiu o bronze, antes utilizado na guerra, menos resistente que o primeiro. Algumas áreas foram integradas na esfera da cultura chinesa, alargando os horizontes dos povos da China e dos territórios englobados. Algumas ideias filosóficas, como o Confucianismo, o Taoismo, o Mohismo e o Legalismo, desenvolveram-se em centenas de escolas e expandiram-se de forma surpreendente. O comércio adquiriu um novo aspecto e as tácticas militares foram alteradas de forma radical. Foi uma época de mudança, de grande desenvolvimento económico, mas tudo isso acabou por desaparecer, deixando apenas ruínas e recordações, destruído pelos próprios chineses e pelos bárbaros vindo da estepe.
A bibliografia deste post é:
— Enciclopaedia Britanniac Library
— Wikipedia
— www.minhachina.com